sábado, 23 de maio de 2009

Das Regras Que eu Criei

Eu só queria um namorado que lesse Martha Medeiros, jogasse futebol o necessário e não jogasse lixo no chão. Eu só queria um namorado que fosse homem, mas que fosse um gentleman. Um homem livre e bem educado, existindo por si mesmo e sabendo respeitar e ser respeitado. Eu só queria um namorado que me compreendesse mesmo sendo homem. Que entendesse minhas chaturas e as TPM’s que eu invento só pra poder ter mais mimos. Eu só queria um namorado que assistisse comigo filmes de romance ao preferir ver os de ação, que não tivesse fixação por revista de mulher pelada e que não fosse como todos os homens machistas deste mundo. Eu só queria um namorado que não fosse machista a ponto de achar que os homens devem sair com prostitutas, e que isso não soaria como uma possível traição.

Eu só queria um namorado que não me comparasse com as mulheres arreganhadas e frescas nas revistas com photoshop entre as pernas ou com suas próprias amigas e ex namoradas. Eu só queria um namorado que me permitisse ter um metro e setenta e quatro de altura e sessenta e sete quilos. Eu só queria um namorado que me permitisse gostar de sertanejo e não achasse ridículo isso. Eu só queria um namorado que não dissesse que eu devia por silicone e que gostasse dos meus peitos como são.

Eu só queria um namorado que não tivesse Orkut com milhares de piriguétis e piranhas pulando em cima dele. Eu só queria um namorado que não tivesse 946 amigas no orkut e 23 ex-namoradas – ficantes. Só queria um namorado que não tivesse sua lista de meninas no Messenger quatro vezes maior que a de meninos. Eu só queria um namorado que não usasse os recados no orkut para me fazer ciúmes. Eu só queria um namorado que não me comparasse com as outras. Que me respeitasse acima de tudo. De qualquer coisa. Que me achasse linda do jeito que eu realmente sou. Com uns quilos a mais ou a menos, mas que compensaria no seu bom humor e carinho que lhe ofereceria. Eu só queria um namorado que fosse assim. Só meu.

Eu só queria que quando a gente estivesse deitado na nossa cama, o mundo fosse só a gente. Eu e ele. Sem celular tocando. Sem ninguém ligando. Que quando a gente se tocasse, ele estivesse de corpo e alma presente. Com o pensamento só em mim. Que a minha foto não dividisse espaço com a bunda de um monte de gostosas na pasta dos meus documentos em seu computador. Que a minha escova de dente morasse apenas do lado da sua. Aliás. Que pudesse ser a mesma. Porque seríamos um só.

Eu só queria não ser só mais uma na vida de alguém. Eu só queria não ser só um corpo bonitinho. Eu só queria que quando eu ficasse com raiva do seu comportamento machista, ele percebesse e não continuasse. Eu só queria dançar em cima da nossa cama e sentir que ele me deseja. Mas só a mim. Não todas as outras. Eu só queria mesmo é testar se corpos malhados, peitos cirúrgicos e bundas de academia são tão importantes assim na vida das pessoas. Eu só queria ver mesmo se é isso o que conta. Eu só queria ver se quem se tranca no quarto com as Robertas, Fernandas, Tatianas e Isabelas das revistas sente tesão por mulher de verdade. Pela gordinha-sarada-desajeitada, sem photoshop e sem maquiagem da vida real.

Eu só queria saber como são os homens na vida real. Eu só queria um namorado do meu jeito. Do jeito que eu queria. Só pra mim. Fiel e digno até em seus pensamentos. Mas isso tudo é uma grande besteira. Enquanto o tempo passa, eu fico aqui mesmo sonhando acordada.

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